Quem conta um conto aumenta um ponto: o perigo do carro preto

     Quando criança, tínhamos medo de sair de casa. Havia um perigo à solta pela cidade, que poderia aparecer a qualquer momento... Mas saíamos.
     Não importava o que estivéssemos fazendo (brincando ou conversando), bastava que aparecesse um carro preto (qualquer um mesmo) e era uma correria só. Criança para tudo que era lado, com medo de ser levada pelo misterioso e assustador carro preto.
     Chegar em casa significava escapar de um fim trágico. Estávamos seguros naquele momento e fazíamos juras de nunca mais sair ou de não mais desobedecer aos nossos pais.
     Com o tempo fomos entendendo que, na verdade, aquele veículo era apenas um transporte qualquer de algum morador da cidade que gostava da cor preta e que não fazia nenhuma questão de interagir com os demais moradores.
     Amadurecendo um pouco mais, vi que aquela história do carro preto era também uma forma preconceituosa de tratar tudo o que tinha aquela cor. Aliás,era apenas um carro,era apenas um cor. Daí comecei a questionar por que não havia lenda do carro branco ou do carro de qualquer outra cor.
      De outro modo, essa era também uma maneira eficaz utilizada pelos pais para manter os filhos longe de desconhecidos. Era uma forma de proteção.

     Atualmente o carro preto ainda assusta algumas pessoas, mas não por sumirem com as crianças, e sim por trazer à tona verdades e escândalos sobre pessoas de contextos importantes da sociedade. Hoje, o carro preto que aterroriza algumas pessoas é o que transporta a Polícia Federal. Quando ele aparece, é prenúncio de que algo muito prodre será descoberto e tornado público.

Imagem da internet

Moral antiga: Não falar com estranhos.

Moral atual: Ande sempre na legalidade! Não roube, não mate, não seja corrupto!

Autor: Tarciso Amorim